Política

Minha visão sobre os "Burguesinhos Maconheiros" da USP

Imagem do Ato dos Estudantes da USP

Queridos,na última quinta-feira(10/11) participei do Ato público e da Assembléia dos estudantes da USP que estão de greve,a priori,como a maioria da população, fui levado pela mídia a pensar que o embate era sobre o uso da maconha no Campus.Eu já duvidada dessa versão,fui lá para ter certeza das minhas suspeitas e tirar algumas duvidas.Quando eu estava lá,não se defendeu o uso da maconha,mas sim o combate aos abusos que a PM faz ao abordar os alunos e a gestão do Reitor Rodas.Concordo que o inicio do movimento foi meio falho(devido a invasão mal planejada da Reitoria e o suposto vinculo com a maconha),porem hoje eu apoio a luta dos estudantes. A PM ao entrar na Reitoria levou uma aluna pra uma sala fechada,ela gritava muito e disse que apanhou lá dentro,a PM também jogou bombas no Crusp(moradia estudantil da USP) sendo que os alunos estavam DORMINDO e não participavam da ocupação da Reitoria,eles foram proibidos de saírem do prédio,os PM's do Choque estavam sem identificação.Os alunos que invadiram a Reitoria assumiram que quebraram o portão para entrar,quebraram as câmeras de filmagem e pixaram parte do prédio,entretanto disseram que não quebraram nada além disso e que a PM entrou,quebrou as coisas e deixou a mídia filmar para culparem os estudantes.

Está sendo discutido pelos alunos uma via de segurança que não seja a PM,afinal,um aluno foi morto e isso é lamentável,entretanto a PM no Campus funciona como ferramenta repressora do Estado(antes de alguém me criticar com frases de efeito,participe de algum protesto contra o governo do Estado e da prefeitura,que tu vai ver a tensão que é,ter que correr da PM sem ter feito absolutamente nada). O atrito com a PM é antigo,desde o tempo da ditadura, e pra quem não acredita ainda somos reprimidos,é de maneira escondida mas existe repressão,alguns episódios de violência na Faculdade de Direito e na FFLCH são recentes,converse com um Uspiano e pergunte o que aconteceu. Eu sei que estudantes exageram em protestos(proibir que alunos que não aderiram a greve entrem na aula, eu repudio)na assembléia os alunos votaram por não fazer barricadas nas faculdades que não estão de greve,mas sempre tem alguns que fazem o que querem,algumas atitudes dos Uspianos eu não concordo,mas o cerne da discussão eu apoio. Estudo no Mackenie,Universidade privada,tenho bolsa do Prouni,vocês que estão lendo esse post custeiam meus estudos com seus impostos,bancam também os alunos da USP,o minimo que podemos fazer é retribuir de maneira ativa na construção de um Brasil melhor e isso acontece questionando o Estado e suas falhas,o movimento dos alunos da Usp não é por liberação da maconha,mas sim contra a truculência da PM dentro e fora do Campus,contra as decisões erradas do Reitor e por segurança no Campus. 
Imagem da Assembléia no Salão Nobre da Faculdade de Direito da USP

Por gentileza,não fale do que você não sabe ou acha que sabe por ler o demônio que o parta conhecido como mídia de massa! Duvide do que você lê(até mesmo do que eu escrevi),vá até a fonte,leia os dois lados e depois forme sua opinião.Se Deus quiser em 2013 estarei fazendo Filosofia na USP,quero muito construir um Brasil melhor,como militante cidadão,como professor,como pai e amigo,até lá vou correndo de acordo com que eu posso,sendo brasileiro com muito orgulho e muito Amor! 

Lembranças a família do aluno Felipe Ramos de Paiva,morto dia 18 de maio na tentativa de assalto no estacionamento da FEA-USP,lutar contra a truculência da PM não significa que esquecemos disso e que não respeitamos a dor que esse fato deixou,apenas acreditamos que a PM não é melhor forma de garantir a segurança,ela estava lá no dia e por ironia ou sei lá o que, não conseguiu ajuda-lo,mesmo sendo contra a presença da PM eu abriria mão da minha opinião política e desejaria muito que eles estivessem perto dele e garantissem sua segurança(nenhum embate filosófico-politico está acima da preservação da vida humana).Por fim...essa é a visão de um estudante de fora da USP, de fora da corporação da PM e que não acredita no que a Revista Veja escreve.

Abraço! 

Mafra.

Ps.Não sou contra a corporação da PM como um todo,mas sim contra a maneira que os ato de protestos são tratados.Quem quiser ler um pouco a partir da versão dos alunos, acesse o site do DCE(Diretório Central dos Estudantes da USP) http://www.dceusp.org.br/

Extraido do blog http://mpcabrasil.blogspot.com

Em muitos países é comum o povo protestar nas ruas para lutar pelos seus direitos.

 
Já no Brasil é uma parcela pequena da população que participa ativamente dos protestos de rua. Muitos são os motivos para que as pessoas não participem, o primeiro é achar que protestar não mudará nada, outro motivo seria o medo disseminado pela mídia que repercute sempre os pontos negativos dos atos  e o outro é a falta de informação de um direito do cidadão.

Aqui, a maioria dos protestos são pacíficos, onde o risco de confronto com a polícia existe, porém é pequeno.

Nossa Constituição Federal  (artigo 5º)  nos permite a livre reunião em locais públicos sem a necessidade de autorização, é solicitado apenas um aviso prévio as autoridades.Simplificando, se você deseja criar um protesto é necessário que você ligue para a polícia (190) avisando o local, espectativa de público e percurso em caso de uma passeata. Eles solicitarão o seu RG, telefone e nome completo.

Para se fazer uma passeata não é necessário ter um número mínimo de pessoas. Também não é obrigatório que seja feita uma, é possível por exemplo pegar uma ou mais faixas de uma avenida e ficar com o pessoal ali parado, desde que não feche completamente a via impedindo o direito de ir e vir dos outros cidadãos. Porém a polícia deve ser avisada. Normalmente o batalhão responsável pela região pode também pedir para que você envie um email para eles, neste caso é até melhor, pq você poderá levar uma cópia impressa comprovando que o aviso foi dado.
 
Saiba que:


 
 
 De qualquer forma mesmo sem um aviso prévio a livre manifestação não poderá ser impedida pela polícia. Pois o direito de livre reunião e o direito de ir e vir são inalienáveis.

Uma reunião não pode interferir em outra, se já tiver marcada uma reunião para o mesmo horário e local de da sua, é interessante que os organizadores conversem afim de resolverem este problema. Em caso de algum problema por serem grupos rivais a polícia pode ser contata para criar um cordão de isolamento.

Algumas dicas para que o seu ato dê certo:

1- O ideal é que a divulgação do ato comece pelo menos 2 semanas antes da data do mesmo.

2- Divulgue em todos os meios, Orkut, Facebook, Emails, Twitter, Blogs,torpedos,boca-a-boca, através de panfletos impressos e etc.

3- É imprescindível  que os organizadores cheguem no local combinado pelo menos 30 minutos antes, pois se por acaso os organizadores se atrasarem o ato pode fracassar e você perderá credibilidade. Portanto combine com pelo menos umas 3 pessoas para chegar mais cedo.
4- É interessante que a população entenda o que está ocorrendo, então além de faixas e cartazes, procurem levar panfletos informativos da causa, assim você tambérm estará fazendo um trabalho de conscientização.

5- Não tomem como parâmetro os números de confirmados no evento de Facebook, esses números infelizmente não correspondem a realidade, muitos confirmam achando que estão apoiando a causa, porém geram um sentimento de frustração nos organizadores do evento.

6- Irá sair em passeata? Se sim estude o percurso, verifique se o mesmo não entrará na contra-mão dos veículos. Procure não fazer percursos longos demais, e tenha sempre um percurso alternativo.

7-Megafones, apitos, trombetas e etc, são bem vindos.

8- Procure marcar num dia e local que seja bom para todos, não coloque a sua opinião pessoal nesta decisão. Locais de fácil acesso e amplos são interessantes.
9- Troque emails e telefone com o pessoal que confirmou, isso faz com que aumente o engajamento e a responsabilidade dos envolvidos.

Pode ser que você faça tudo isso e o seu protesto não atraia tantas pessoas, mas não desista, saiba que mobilizar as pessoas no Brasil não é fácil, mas nós não podemos desistir, somos a última esperança desse país, e pelo menos você está fazendo a sua parte.

Você não precisa depender de sindicatos, movimentos estudantis ou movimentos populares, faça você mesmo o seu próprio protesto.

Saiba como se portar caso a polícia te aborde:

1. O QUE FAZER QUANDO FOR ABORDADO PELA POLÍCIA

De acordo com o Código de Processo Penal, a polícia pode abordar as pessoas e revistá-las sempre que presenciar alguma atitude suspeita. Se você for parado pela polícia, alguns comportamentos podem ajudar a impedir que a situação se transforme em conflito:
- Fique calmo e não corra;
- Deixe suas mãos visíveis e não faça nenhum movimento brusco;
- Não discuta com o policial nem toque nele;
- Obedeça estritamente o comando do policial;
- Não faça ameaças ou use palavras ofensivas.

2. ANDAR SEM DOCUMENTOS É CRIME?

Não é crime andar sem documentos, mas recusar-se a se identificar é contravenção penal. Se estiver sem documento, forneça ao policial dados que auxiliem a sua identificação. Vejam o que diz a Lei de Contravenções Penais :
Art. 68. Recusar à autoridade, quando por esta, justificadamente solicitados ou exigidos, dados ou indicações concernentes à própria identidade, estado, profissão, domicílio e residência:
Pena – multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis.
Parágrafo único. Incorre na pena de prisão simples, de um a seis meses, e multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis, se o fato não constitue infração penal mais grave, quem, nas mesmas circunstâncias, f’az declarações inverídicas a respeito de sua identidade pessoal, estado, profissão, domicílio e residência.

3. AO SER ABORDADO VOCÊ TEM DIREITO A…

 - Saber a identificação do policial;
- Ser revistado apenas por policiais do mesmo sexo que você;
- Acompanhar a revista de seu carro e pedir que uma pessoa que não seja
policial a testemunhe;
- Ser preso apenas por ordem do juiz ou em flagrante;
- Em caso de prisão: não falar nada além de sua identificação, e de avisar
sua família e seu advogado;
- Não ser algemado se não estiver sendo violento ou tentando fugir da
abordagem.

4. NO CASO DE ABUSO…

Se algum policial desrespeitar os seus direitos, tente se lembrar e anotar o nome, a identificação e a aparência dele, o número da viatura em que ele estava e o nome das testemunhas que presenciaram os fatos. Se você for vítima de violência, tortura, extorsão, maltrato, discriminação ou humilhação praticados por policiais, procure a Ouvidoria de Polícia do seu Estado. Os bons policiais e a sociedade como um todo ficará muito grata em identificar maus profissionais, para que sejam sancionados à altura.
Mas lembre sempre que o policial está cumprindo seu dever ao realizar buscas pessoais quando há fundada suspeita, na tentativa de garantir a segurança da sociedade da qual fazemos parte — principalmente no estado crítico em que vivemos.

OBS: Gostou do texto? Então, por favor compartilhe com o máximo de pessoas possível, toda informação importante deve ser compartilhada com todos. Obrigado.

Veja também:

CONSTITUIÇÃO FEDERAL

ARTIGO 5º DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL

ARTIGO 5º DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL - ILUSTRADO 











Texto retirado do site: www.kanitz.com


Stephen Kanitz
Todo dia alguém reclama da qualidade dos nossos políticos e da incompetência dos nossos governantes. Respondo invariavelmente que cada povo tem o governo que merece. Afinal, não incentivamos os jovens a serem políticos, não ajudamos os mais competentes a se eleger, nem sequer sabemos onde fica a sede do partido político em que votamos, não iidentificamos quem poderia ser um bom político no futuro.
Pergunte a 100 universitários que profissão escolheram e a maioria responderá administração, medicina, engenharia ou advocacia. Poucos dirão que pretendem seguir a carreira política. Tanto é que a nota de corte do vestibular de sociologia e política é uma das mais baixas de todas as profissões. Na USP, por exemplo, é 76 contra 117 de medicina.
Nenhum país consegue tornar-se uma nação séria e respeitada se a carreira de político não consegue atrair seus melhores cidadãos de uma sociedade. Desde Platão já havia essa constatação.
Durante o regime militar, a carreira de político, de fato, deixou de ser interessante, atraindo poucos jovens, e por isso tivemos pouca renovação. Outra razão para resolvermos este problema, porque, francamente, ninguém agüenta mais votar nas opções do passado.
Deplorar constantemente a qualidade de nossa classe política, sem fazer absolutamente nada para mudar esta situação, é uma atitude cínica e complacente de quem critica. Temos de fazer algo.
Existem excelentes políticos no congresso, sem a menor dúvida, mas precisamos aumentar seu número. Como atrair nossos jovens, que atualmente preferem ser médicos e engenheiros, para que se tornem políticos competentes?
Há trinta anos, a sociedade americana, criou um programa chamado Pagers. Naquela ocasião, pager era um menino de recados, que levava bilhetes de lá para cá, neste caso entre Senadores e Congressistas americanos em plenário. Ser escolhido Pager era o máximo, uma honra e uma curtição.
Os detalhes devem ter mudado, mas do que me lembro na época, cinqüenta jovens do primeiro colegial, escolhidos pelos colegas entre os representantes de classe ou do grêmio, e com as melhores notas acadêmicas das escolas de cada Estado americano, eram designados Pager por três semanas, e lá iam todos para a capital da república.
Nessas três semanas, entravam em contato com os congressistas e líderes da política americana. Participavam, de certa forma, dos bastidores do poder, ouviam as discussões e as fofocas de plenário e voltavam à terra natal para serem substituídos por outros cinqüenta estudantes.
Muitos percebiam que havia algo muito bem mais nobre na vida do que ser médico ou engenheiro. Em vez de se tornarem grandes administradores, ou financistas, alguns desses melhores e brilhantes alunos optaram pela carreira de políticos e escolheram a faculdade apropriada.
No ano passado, ao visitar o Congresso Americano, indaguei qual havia sito o efeito concreto daquele programa. Descobri que 10% dos congressistas americanos atuais e seus auxiliares diretos, eram ex-pagers. Portanto, alguns dos melhores alunos de cada Estado americano estavam lá, e haviam sido influenciados por aquela singular experiência como pager a mudar de carreira.
Um projeto desses custaria menos de 10.000 reais por mês em alojamento e alimentação, e outros tantos de passagem de avião. Algo que a Fiesp ou outra organização civil há muito tempo deveria ter patrocinado pois, economizaria para a nação bilhões em impostos a longo prazo.
Um programa brasileiro precisaria de algumas adaptações ou pode muito bem ser diferente. Poderíamos enviar o melhor aluno junto com o mais político. Assim, ambos aprenderiam um pouco do outro - o estudioso a ser mais político, e o político a ser mais estudioso. Não poderemos parar por aí. Dezenas de outras idéias terão de ser desenvolvidas e implantadas para ajudar a melhorar o atual quadro político.

Publicado na Revista Veja edição 1656, ano 33, nº 27 de 5 de julho de 2000