quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Os velhos clichês e a guerra dos sexos

Texto retirado do Jornal Folha de SP - Caderno Equilíbrio - 30.08.2011

OUTRAS IDEIAS

MIRIAN GOLDENBERG miriangoldenberg@uol.com.br

Os velhos clichês e a guerra de sexos


Como se fossem de uma espécie superior, elas se acham únicas e dizem que os homens são todos iguais


"homem só quer sexo, mulher quer amor." "Todo homem é galinha, machista e infiel." "Homem tem medo de mulher independente."
"Homens ficam inseguros quando o salário da mulher é maior." "Homens são infantis, bobos e imaturos."
"Eles odeiam discutir a relação."
"Homem não sofre por amor." "Eles se separam e logo arranjam outra." "Eles detestam mulher inteligente."
Esses e outros clichês são crenças frequentes entre as mulheres brasileiras.
Elas repetem esses velhos chavões como se só elas, e não eles, tivessem mudado nas últimas décadas.
Não encontro entre os homens os mesmos clichês.
Eles dizem que se sentem atraídos pelas inteligentes e que admiram as fortes, poderosas, independentes.
A maioria quer sexo, sim, mas com a mulher amada. Um economista de 55 anos declarou: "Para as mulheres, todo homem é galinha. Sempre fui fiel à minha mulher. Não quero ter outra. Quero que ela seja também a minha amante. Não quero trair a minha melhor amiga".
Os dados do IBGE mostram crescimento no número de homens que se casam com mulheres mais velhas. Eles desejam uma mulher bonita, é verdade, mas desde que ela seja interessante (inteligente, bem-humorada, independente).
Como me disse um arquiteto de 47 anos: "Essa coisa de homem trocar uma mulher de 40 por duas de 20 é o maior clichê que as mulheres inventaram. Quero uma mulher interessante, uma companheira. E que mulher de 20 anos pode me ensinar alguma coisa? Não quero uma filha para ser dominada ou um troféu para ser exibido. Mas as mulheres insistem em rotular os homens".
Ou ainda, conforme um jornalista de 39 anos: "É até engraçado! As mulheres se consideram únicas, especiais, diferentes. Já nós, os homens, somos todos iguais. É como se elas fossem de uma espécie mais civilizada, superior, e nós os primitivos, seres inferiores".
Elas continuam repetindo ideias que não combinam mais com grande parte dos homens brasileiros.
Acabam, assim, reforçando os estereótipos de gênero, os mesmos que elas dizem querer destruir.
É óbvio que as brasileiras estão mais livres.
Mas parece existir uma cegueira feminina na hora de aceitar as transformações dos comportamentos masculinos e os novos modelos de ser homem.
Para conquistar uma verdadeira igualdade entre os gêneros, não seria a hora de parar de enxergar todos os homens pela mesma lente dos velhos clichês?

MIRIAN GOLDENBERG é antropóloga, professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro e autora de "De Perto Ninguém é Normal" (Ed.BestBolso)

domingo, 14 de agosto de 2011

Se eu sou soubesse

Graças a Deus o Chico Buarque lançou um cd novo! Aeeeeeeeee! Como bom ouvinte de Chico,fiquei contente pakas quando vi o Cd na livraria Cultura,ouvi um trecho de todas as músicas,a que mais gostei é essa...

Bom Chico para nós!


Ah, se eu soubesse não andava na rua
Perigos não corria
Não tinha amigos, não bebia, já não ria à toa
Não ia enfim
Cruzar contigo jamais

Ah, se eu pudesse te diria, na boa
Não sou mais uma das tais
Não vivo com a cabeça na lua
Nem cantarei: eu te amo demais
Casava com outro, se fosse capaz

Mas acontece que eu saí por aí
E aí, larari larari larari larara

Ah, se eu soubesse nem olhava a lagoa
Não ia mais à praia
De noite não gingava a saia, não dormia nua
Pobre de mim
Sonhar contigo, jamais

Ah, se eu pudesse não caía na tua
Conversa mole, outra vez
Não dava mole à tua pessoa
Te abandonava prostrado a meus pés
Fugia nos braços de um outro rapaz

Mas acontece que eu sorri para ti
E aí larari larara lariri, lariri
Pom, pom, pom, ...

Reticência...

Não sou o que eu era,também não sou o quero ser
Sou uma reticência
Um livro não terminado
Uma maçã pela metade
O orvalho que seca,mas na manhã seguinte está lá novamente
Sou o vai e vem das ondas
Sou o silêncio da noite
Passeio entre as gentes e não termino de ser
Sou sempre a ponte e nunca o destino
Sou passageiro...